Parabéns José Ignacio, a presença do blog é formidável e para contribuir, deixo o meu primeiro grão.
Eu vou fazer o comentário do concerto ao vivo, que Rão Kyao deu no passado dia 23 às vinte e uma horas no Teatro López de Ayala de Badajoz, organizado por Ágora Escena, e que tive a sorte de presenciar. Foi fantástico. Embora seja complicado falar do que eu senti durante a hora e meia do concerto, vou tentar fazê-lo.
Eu já o conhecia, porque há alguns anos, numa viagem pelo sul de Portugal, creio que foi em Faro, andava a procura numa loja de discos de nova música portuguesa e entre outros apresentaram-me o disco, em vinil, Fado bailado de Rão Kyao e o mestre da guitarra portuguesa António Chaínho. Quando o ouvi, senti que esses sons tirados do saxo e da guitarra eram mais alguma coisa do que simples acordes. Depois daquilo, não foi até ao disco, já em CD, Delírios Ibéricos (onde a música portuguesa e o flamenco, de mão dada com Ketama, se cruzavam) que tive ocasião de voltar a ouvi-lo, podendo comprovar que continuava a ser tão bom músico. Adoro esse disco. Sei que por enquanto gravou 17, mas eu desde aquela altura não tinha ouvido mais nada dele.
Mesmo assim fiquei muito contente quando soube do seu concerto cá, tão perto. Não hesitei em deslocar-me até Badajoz para desfrutar com a sua música.
E ali estava ele. Era mesmo o próprio Rão Kyao no palco. Apareceu portando sete flautas de bambu colocadas num suporte que fazia pensar em outro instrumento um bocado esquisito. Acompanhava-o o resto do grupo: aos teclados Renato, à bateria André, à percussão Ruca, que foram apresentados por ele ao longo do concerto. Peço desculpa mas do nome do guitarrista não consigo lembrar-me.
A sala estava quase cheia e as pessoas bem dispostas. A actuação começou com os sons da terra, o ar ficou cheio de luz com o seu primeiro tema Saudando ao sol, a seguir os sons rurais fizeram lembrar os nossos jogos de criança com Joelhos na era. O percurso pelos cantos da Alfama, a sua luz e a presença dos seus moradores, chegam com o tema Porto Alfama. A seguir, um paseio pelo imaginário alentejano com Castro Verde. Um dos temas de que mais gostei foi A lua e os lobos, a linguagem da natureza chegava das notas numa eclosão de cores que fez estremecer a sala toda, era mesmo a força do vento e o tremer da terra o que se ouvia. A maresia chegou com Troia. Outro dos temas que gostei bastante, Asas do sonho, levou-me a través de sensações a flor de pele a um mundo onde tudo é possível. Ficou muito claro, por tantas alusões ao fruto do deus Baco, o seu gosto pelo requintado e, segundo ele disse, tão misterioso elixir, atingindo-nos com o seu aroma em A festa do vinho. Além disso, a mágica e antiga chama do mundo muçulmano entrou numa bela prenda, Fado andalusí. Os sons e sabores da terra dos cantos antigos do povo encheram de ar fresco os nossos pulmões com o tema Velha Baixa. Depois, um solo da bateria quis que a mesma montanha viesse até nós desafiando ao próprio profeta, a percussão juntou-se e já o diálogo entre eles a todos estremeceu em Dança da Montanha. Esse momento foi sublime e os aplausos abraçaram-no. Finalmente presenteou-nos com um tema inédito onde o ar do Oriente esteve presente. Já concluído o concerto e ao abrigo dos aplausos fizemo-lo sair de novo, dedicando-nos mais dois encores que partilhámos com ele a bater palmas e dançando aos sons dos temas baseados principalmente na música popular portuguesa. Fiquei maravilhado, foi uma noite inesquecível.
Mérida, 24 de Outubro de 2007
Eu já o conhecia, porque há alguns anos, numa viagem pelo sul de Portugal, creio que foi em Faro, andava a procura numa loja de discos de nova música portuguesa e entre outros apresentaram-me o disco, em vinil, Fado bailado de Rão Kyao e o mestre da guitarra portuguesa António Chaínho. Quando o ouvi, senti que esses sons tirados do saxo e da guitarra eram mais alguma coisa do que simples acordes. Depois daquilo, não foi até ao disco, já em CD, Delírios Ibéricos (onde a música portuguesa e o flamenco, de mão dada com Ketama, se cruzavam) que tive ocasião de voltar a ouvi-lo, podendo comprovar que continuava a ser tão bom músico. Adoro esse disco. Sei que por enquanto gravou 17, mas eu desde aquela altura não tinha ouvido mais nada dele.
Mesmo assim fiquei muito contente quando soube do seu concerto cá, tão perto. Não hesitei em deslocar-me até Badajoz para desfrutar com a sua música.
E ali estava ele. Era mesmo o próprio Rão Kyao no palco. Apareceu portando sete flautas de bambu colocadas num suporte que fazia pensar em outro instrumento um bocado esquisito. Acompanhava-o o resto do grupo: aos teclados Renato, à bateria André, à percussão Ruca, que foram apresentados por ele ao longo do concerto. Peço desculpa mas do nome do guitarrista não consigo lembrar-me.
A sala estava quase cheia e as pessoas bem dispostas. A actuação começou com os sons da terra, o ar ficou cheio de luz com o seu primeiro tema Saudando ao sol, a seguir os sons rurais fizeram lembrar os nossos jogos de criança com Joelhos na era. O percurso pelos cantos da Alfama, a sua luz e a presença dos seus moradores, chegam com o tema Porto Alfama. A seguir, um paseio pelo imaginário alentejano com Castro Verde. Um dos temas de que mais gostei foi A lua e os lobos, a linguagem da natureza chegava das notas numa eclosão de cores que fez estremecer a sala toda, era mesmo a força do vento e o tremer da terra o que se ouvia. A maresia chegou com Troia. Outro dos temas que gostei bastante, Asas do sonho, levou-me a través de sensações a flor de pele a um mundo onde tudo é possível. Ficou muito claro, por tantas alusões ao fruto do deus Baco, o seu gosto pelo requintado e, segundo ele disse, tão misterioso elixir, atingindo-nos com o seu aroma em A festa do vinho. Além disso, a mágica e antiga chama do mundo muçulmano entrou numa bela prenda, Fado andalusí. Os sons e sabores da terra dos cantos antigos do povo encheram de ar fresco os nossos pulmões com o tema Velha Baixa. Depois, um solo da bateria quis que a mesma montanha viesse até nós desafiando ao próprio profeta, a percussão juntou-se e já o diálogo entre eles a todos estremeceu em Dança da Montanha. Esse momento foi sublime e os aplausos abraçaram-no. Finalmente presenteou-nos com um tema inédito onde o ar do Oriente esteve presente. Já concluído o concerto e ao abrigo dos aplausos fizemo-lo sair de novo, dedicando-nos mais dois encores que partilhámos com ele a bater palmas e dançando aos sons dos temas baseados principalmente na música popular portuguesa. Fiquei maravilhado, foi uma noite inesquecível.
Mérida, 24 de Outubro de 2007
Texto de Manuel Díaz Pérez (N.I.-1º)
8 comentários:
Manuel, muito obrigado pela tua crónica e por partilhares connosco a experiência. Devíamos era termos ido lá todos...
Olá, José Ignacio, parabens pelo blogue, pus esta entrada no Lusofolia.
Abraço
Obrigado, Carmen!
Carmen Rojas trabalha na Unidad de Programas Educativos de Badajoz, e é uma das sócias fundadoras da APPEX e criadora do blogue Lusofolia-Lusofilia-Lusomania...
Parabens Manuel, gosteí muito da tua crónica e também da música de Rão Kyao, ligueí na sua página e acheí-a muito boa. Muito obrigada pela informação e beijinhos.
Muito obrigado Marisa. Não pensei que isto pudera acontecer, mas aconteu, e eu estou contente por partilhar as minhas preferências musicais.
Beijinhos e até breve.
Olá Manuel, os meus parabens pela tua crónica e gostaria muito de ouvir a Rao Kyao. Sou Jose, ou teu colega da turma, se pudesses leva ou cd a turma e assim posso ouvirlo.
Obrigado, Jose pelo teu comentario. Para o proximo concerto é melhor combinarmos para irmos todos juntos e assim pôr disfrutar e compartir una grata experiência.
Podes contar com os Cd`s que eu tenho de Rão Kyao.
Abraço e até segunda.
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