quinta-feira, 13 de março de 2008

Segurança Rodoviária (II)

RISCOS DO ÁLCOOL NA CONDUÇÃO

Vivemos numa sociedade há muito tempo enraizada na chamada cultura do vinho. Na actualidade, não concebemos nenhuma actividade social onde não se faça alguma ingestão de álcool. Contudo, as graves consequências do consumo de bebidas alcoólicas: doenças crónicas, dependência, acidentes rodoviários, agressões com lesões e homicídio, etc, têm feito com que a sociedade tenha aprovado leis que proíbem o seu consumo ou o limitam.

APARELHOS E LIMITES DE ÁLCOOL EM ESPANHA

ETILÓMETRO EVIDENCIAL. Aparelho que mede o grau de alcoolemia de uma pessoa pelo teor alcoólico do seu ar alveolar expirado. Instrumento de precisão.

ETILÓMETRO PORTÁTIL. O seu valor é orientador. Mede também o álcool em litros de ar espirado (miligramas de álcool por litro de ar expirado). Se a taxa é maior à regulamentar deverá medir-se na seguinte fase na prova da precisão. Normalmente é utilizado nos dispositivos aleatórios para agilizar o controlo.

ALCOOLÍMETRO. Instrumento que serve para avaliar o teor de álcool no sangue. Mede o álcool em litros de sangue. Já menos utilizado.

Ver tabela com os limites de álcool permitidos

A conversão dos valores do teor de álcool no ar expirado (TAE) em teor de álcool no sangue (TAS) é baseada no princípio de que 1 mg de álcool por litro de ar expirado é equivalente a 2,3 g de álcool por litro de sangue.

RISCOS DO ÁLCOOL E ESTATÍSTICA

Entende-se por alcoolemia a concentração passageira de álcool etílico no sangue, resultante da ingestão de bebidas alcoólicas. Não existe um limiar a partir do qual o álcool deteriore as aptidões dos individuos. Escolheu-se 0,5 gramas de álcool por litro de sangue como orientador porque nesse limite já se apreciava deterioração e risco para os condutores.
O consumo de álcool está relacionado com quase metade de todos os acidentes mortais. Quanto mais sobe o nível de álcool, mais elevado é o risco de acidente, sobretudo na chamada “etapa da euforia”.
CURVA DE ALCOOLEMIA

Corresponde-se com as fases de absorção, distribuição e eliminação. No princípio a curva é ascendente, já que a ingesta excede à eliminação, sendo o seu ponto culminante uma hora depois do último consumo. Quando a absorção se equilibra com a eliminação, é a “meseta”. A seguir, descerá até chegar a zero pela eliminação. Tudo se for uma ingesta única, porque se a ingestão for sucessiva no tempo, se alterará a curva apresentando perfis de serra.
Por isso, para determinar a fase na que se encontra o indivíduo (ascendente ou descendente) serão realizadas duas provas de precisão com intervalo de dez minutos. Se a segunda for superior à primeira, encontrar-se-á na fase ascendente (absorção maior que a eliminação), quando forem praticamente iguais estará na “meseta”, e se a segunda é inferior à primeira estará em fase descendente (maior a eliminação que a absorção).
A máxima taxa de alcoolemia atinge-se ao cabo de uma hora após a última ingesta de álcool, e a eliminação total, umas 8 horas depois, dependendo da quantidade de álcool ingerido.

Ver tabelas sobre as consequências do efeito do álcool sobre o tempo de reacção a concentrações de 0.5 g/l


FACTORES INFLUENTES NAS TAXAS E EM SINTOMAS DE ALCOOLEMIA

Dependerá de factores biológicos. Podem ser gerais ou particulares de cada indivíduo e até mesmo circunstanciais:
Sexo: maiores efeitos no caso das mulheres a igual dose e corpulência ao terem menos músculo e, por conseguinte, menos água onde distribuir-se.
Hábito de beber: criam-se mecanismos de tolerância que atenuan os sintomas.
Hora e clase de comida: a maior quantidade e existência de gorduras, menos taxas.
Interacção com medicamentos, psicotrópicos, estimulantes ou drogas tóxicas: não afectam à taxa, mas sim agravam sintomas ou efeitos, sobretudo os tranquilizantes.
Peso e corpulência: a maior massa, menor taxa.
Idade: a maior idade, os tecidos são mais gordurentos e o metabolismo deteriora-se.
Traumatismos crânio-encefálicos: os sintomas aparecem antes.
Doenças crónicas circulatórias e do metabolismo: distorcem a absorção, distribuição e eliminação, acrescentando as taxas.
Frio ambiental extremo: o metabolismo torna-se mais lento e aumenta a taxa.
Hemorragias: a taxa acrescenta ao ser menor a quantidade de sangue onde se dissolver.

FASES:

Poderíamos dividir o comportamento humano em fases ou graus de embriaguez:

Primeira fase: A pessoa está eufórica (às vezes depressiva) e faladora. Diminuem os reflexos e a coordenação mão-olho. (Taxas de 0.5 a 0.8 grs./l. álcool em sangue).
Segunda fase: Reflexos mais alterados com movimentos torpes e excitação com tendência à agressividade. Incoerência verbal, gritos, cantos, discussão e agressão. Toma iniciativas impulsivas. (Taxas de 0.5 a 1.5 grs./l. álcool em sangue)
Terceira fase: sistema de equilíbrio afectado com perda de estabilidade. Visão afectada (“dupla”). Redução da sensibilidade. Conduta psicótica. (Taxas de 1.5 a 4 grs./l. álcool em sangue).
Quarta fase: Risco mortal. Sono comatoso. Parada cardio-respiratória e morte. (Taxas superiores a 4 grs./l álcool em sangue).
Em resumo, o álcool aumenta uma fictícia sensação de segurança no indivíduo sobre si mesmo (falsa segurança) ao tempo que reduz as funções superiores (autocontrole, juízo, capacidade de raciocínio, coordenação, etc...), deprime controles sensoriais e motores (visão, equilíbrio, palavra, etc...) e chega, em casos graves, a debilitar as funções vitais (consciência, respiração, circulação sanguínea e morte).
É de salientar que, o que é produto da educação do indivíduo e de muitos séculos de civilização (capacidade de juízo, de razoamento, autocontrole ou a cortesia) é o primeiro em se anular, e, pelo contrário, o último em se suprimir são as funções puramente animais: as básicas da vida (respiração e circulação sanguínea) após as que vem a morte.


Texto de Anselmo Carvajal Galán (N.I.-1º)

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